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  • Por Helen Gutstein

Profissionais do sexo, ainda um tabu

Projeto de lei prevê legalização da prostituição incluindo direitos trabalhistas.

A profissão mais antiga do mundo, simulação. (Créditos: Helen Gutstein)

As profissionais do sexo têm os seus direitos, mais ainda convivem com a pressão moral de uma sociedade que não vê com bons olhos suas escolhas, preferências e estilo de vida. O projeto de lei 4211/2012 ,de autoria do deputado Jean Wyllys (PSDB – GO), vem com o intuito de legalizar a profissão do sexo. O objetivo é reduzir a exploração sexual e fazer com que elas tenham diretos à saúde, segurança pública e, principalmente, dignidade humana.

Por esse motivo, o deputado Willys apóia a causa, nomeando o projeto com o nome Gabriela Leite. A homenagem é feita à escritora e presidente da Organização não Governamental Davida, que decidiu virar prostituta aos 22 anos. Entretanto, existem visões diferentes em relação ao assunto. Tânia Navarro Swain, feminista e historiadora da Universidade de Brasília, considera-se “abolicionista”. Ela é contra a legalização da prostituição por acreditar que “cafetões” seriam transformados em empresários.

A psicóloga Marisa de Abreu Alves relata seu ponto de vista profissional com relação as profissionais do sexo. “Acredito que haja pessoas que buscam as mais diversas atividades devidas a fortes fatores internos. Como por exemplo, uma pessoa que trabalha como paraquedista tanto pode estar nesta profissão pelo gosto em altura, como pode ter como motivador interno uma necessidade em afrontar alguém importante em sua vida se colocando em perigo. Mas, nestes casos, sua profissão ou motivação não costuma ser questionada pela sociedade por não haver tabus em relação à altura, mas há em relação ao sexo“.

Uma coisa chama a atenção: por que algo que acontece há tantos anos ainda é um tabu? De acordo com o especialista em sexualidade humana, Marcos Santos, “o sexo é ainda hoje tabu e todos os assuntos correlatos a ele continuarão sendo enquanto faltar uma educação sexual para o nosso tempo, para a nossa cultura, para as nossas necessidades. As práticas sexuais do povo brasileiro são muito ecléticas e nos permitem pensar nos produtos e serviços atualmente ofertados pela indústria do sexo que envolve pessoas em todo o seu âmbito”.

Por trás de cada profissional existe um ser humano

O inicio de tudo, simulação. (Créditos: Helen Gutstein)

Anaju, 19 anos, é garota de programa e conta que ingressou nessa vida por necessidade. “Eu estava procurando um emprego e comprei um jornal. Lá tinha um anúncio de dançarina - e eu não conhecia esse ramo da noite -, pensei que era só para dançar e ganharia dinheiro com isso. Quando cheguei até o local, não era um emprego para dançarina, então, criei coragem e fui”.

De acordo com a Fundação Mineira de Educação e Cultura (FUMEC), calcula-se que o Brasil tenha cerca de 1,5 milhões de pessoas, entre homens e mulheres que vivem em situação de prostituição. A pesquisa feita em 2000 revela que 28% das mulheres estão desempregadas e 55% necessitam ganhar mais para ajudar no sustento da família. Esses dados são relevantes, para refletir sobre as questões sociais e econômicas do nosso País.

Anaju tem sonhos, planos, porém ainda não imagina como será o seu futuro por não saber o que esperar da noite, Segundo ela: “o meu maior receio é porque tenho uma filha de três anos; não tenho vergonha em dizer que sou garota de programada, mais penso como será a reação da sociedade preconceituosa”.

Ao questionar sobre o registro em carteira como profissional do sexo, ela diz que parece ser burocrático e não tem interesse. Neste áudio , ela reivindica respeito por quem opta por essa vida. Ela só quer ser olhada como um ser humano.

(Créditos: Helen Gutstein. Edição de imagens: Thais Rossa)

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