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  • Por Isabella de Assis

Abandono escolar: por que os alunos desistem e não voltam?

Pesquisa aponta que o número de alunos que abandonam o estudo durante o ensino médio alcança mais de 1 milhão e chega a quase 1 milhão e 500 mil no ensino fundamental

Pesquisa do IBGE revela que a evasão escolar chega a quase 1 milhão e 500 mil no ensino fundamental. (Crédito: Pixabay).

Segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os principais motivos para que a evasão das escolas cresça, cada vez mais entre os alunos até o 5º ano, são as condições socioeconômicas, culturais, geográficas, didáticas e a baixa qualidade do ensino em algumas instituições públicas e privadas. Já entre os alunos do 6º ao 9º ano e ensino médio as razões mais apontadas são a distância da casa até a escola, falta de transporte escolar, falta de um adulto que a leve até escola, falta de interesse e até mesmo doenças e/ou dificuldades específicas dos alunos. A pesquisa também aponta que muitos retornam a sala de aula e encontram barreiras que os deslocam em relação a idade/série/ano e, como consequência, há chance de nova evasão.

A evasão escolar durante o ensino médio alcança mais de 1 milhão, de acordo com o IBGE ​(Crédito: Pixabay)

Gabriel de Assis Gonçalves, que abandonou a escola no ensino fundamental, disse que não se sentia atraído pela escola. Além disso, afirmou não concordar com a maneira pela qual os alunos são ensinados. Para ele, não funciona assim: “sala de aula era o lugar onde eu me sentia retraído, pois, apesar de ter interesse, perguntava, mas as respostas direcionadas a mim não me saciavam. Aquilo me irritava. Não entendia a necessidade de ir até lá, aprender daquela forma que não funciona para mim.”

Depois vieram as reprovações por faltas e, consequentemente, a diferença de idade entre os colegas foi determinante para que Gabriel decidisse abandonar a escola. Ele disse que sua mãe foi contra e sempre o alertou sobre a necessidade de dar continuidade aos estudos.

Mais divertida e menos maçante

A especialista em psicopedagogia Heloísa Monte Serrat entende que, primeiramente, a evasão escolar não é localizada, não tem idade, nem classe. Assim como a pesquisa do IBGE mostra, a psicopedagoga percebe que as motivações para a não permanência de estudantes nas escolas são diferenciadas.

A especialista explica que, quando o aluno tem opções diferenciadas e lúdicas para resolver os desafios propostos a ele enquanto aprendiz, a permanência em sala de aula pode se tornar menos maçante, ponto importante para segurar o estudante na ativa. “O fato de ter superado esses desafios causará o prazer de sentir-se capaz, de poder compreender algo antes nem imaginado, elevando a autoestima dos aprendizes. O prazer está na convivência, na vivência das relações, na vivência dos conflitos e possibilidade de superação dos mesmos", afirma.

Heloísa acredita que as instituições precisam ter consciência de que são compostas por sujeitos diferentes entre si, e respeitar suas histórias, tradições familiares, além das formas de aprendizagem de cada um. Na prática, as escolas deveriam abrir uma via de duas mãos para o conhecimento e, ao mesmo tempo, estar com disponibilidade para ouvir o que os estudantes têm a dizer sobre determinado assunto. "Quanto mais a escola se colocar no contexto da comunidade que a frequenta, mais próxima estará dos seus aprendizes; agindo assim pode ser que a evasão escolar em todas as instâncias, diminua", completa.

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