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  • Por Arthur Neves

Slam: a poemização do marginal

Competição de poesia é promovida no Largo da Ordem e utiliza as redes sociais como meio de divulgação

Poeta levanta livro durante poesia. (Crédito: Matheus Wittkowski)

Slam é um evento que tem como objetivo ocupar locais marginalizados para realização de “Batalha de poesias”. Organizado em local público, a partir das ideias de resistência e apropriação, a competição causa mais engajamento entre os movimentos sociais, ativistas, músicos e estudantes. O Slam surgiu nos bairros suburbanos dos Estados Unidos na década de 1980 e tornou-se popular no Brasil através do Slam Resistência, na praça Roosevelt de São Paulo.

Este ano surgiu em Curitiba o Slam Contrataque, que é o primeiro da cidade. Giovanna Rosa e Emerson Nogueira são idealizadores do evento e se conheceram no Slam Verbo Divino em São José dos Pinhais. Em conversa informal, eles notaram que esse tipo de programação poderia ter um bom alcance, e teve.

Emerson Nogueira explica o conceito e objetivo do evento: “A gente vê o Slam como uma forma de combater todo tipo de opressão, além de uma ferramenta política para expor os problemas que as pessoas enfrentam; nós encontramos uma forma de reconhecer esses problemas através da arte”.

Os idealizadores incentivam principalmente poesias que sirvam de contraponto à perspectiva da mídia e que exponham as deficiências da cidade e problemas sociais. O retorno do público tem sido bem melhor que o imaginado, segundo Giovanna. Ela ainda diz que é uma oportunidade de dar voz aos que não são escutados no contexto social curitibano.

O escritor e professor Célio Roberto Pereira frequenta o evento como poeta. Para ele, o fato de ser organizado em praça pública torna a programação mais notável e tem poder de alcançar pessoas que precisam ouvir o lado dos oprimidos socialmente. Pereira conclui que o Slam é um exemplo prático da popular frase dita no Hip Hop: "É nós, por nós mesmos”.

Gabriela Carneiro tem um blog de poesias e participa ativamente do evento. Para a blogueira, a programação é importante para a poesia, que é um gênero literário que estava ficando esquecido nos últimos anos. “Acredito que vai disseminar essa cultura para as pessoas que não têm acesso e vai incentivar os escritores e poetas anônimos da capital paranaense”.

“Sabe aquela história de cada um fazer sua parte? Eu acho que é o caso do Slam Contrataque, cada pessoa vai com suas palavras de protesto e questionamentos e já está fazendo algo para mudar”, afirma Pedro Henrique , estudante de Química da Universidade Federal do Paraná. Emerson Nogueira conta uma das histórias inusitadas que já aconteceu no evento:

Como funciona o Slam

As poesias não têm censura, mas devem ser autorais e não podem ser repetidas de eventos anteriores. As inscrições são feitas 15 minutos antes do evento e as apresentações podem ter até três minutos.

Antes de começar a programação, os organizadores pedem ao público quatro voluntários para serem juízes. Esses juízes emitem notas de 0 a 10 para as apresentações.

Após todos os poetas recitarem são selecionadas aqueles com notas mais altas, que irão se apresentar novamente na segunda etapa. Os vencedores são decididos através de barulhos e palmas feitos pelo público. Os finalistas são premiados com livros.

Finalistas da competição. (Crédito: Matheus Wittkowski)

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