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  • Por Aliana Machado

Restaurante no centro já foi palco de noites boêmias

Depois de muito tempo como bar, o Bife Sujo agora serve almoço e fideliza freguesia curitibana

Feijoada aos sábados no Bife Sujo. (Crédito: Aliana Machado)

Mesael Caetano, 50 anos, advogado é frequentador do Bife Sujo há mais de treze anos e costuma almoçar no restaurante tanto durante a semana como aos sábados. Para ele, que mora em Curitiba desde 1991, o diferencial é maneira como o recepcionam. Ouça aqui uma das histórias do Bife contadas por Mesael.

O Restaurante Bife Sujo fica na região central de Curitiba e já foi um dos bares mais tradicionais da cidade. Na década de 1980, auge de seu funcionamento, tornou-se o reduto de poetas e pensadores, que se reuniam no local para falar sobre literatura, política e arte.

O ‘’Bife’’, como é chamado pelos fregueses, ganhou reconhecimento pois, naquela época, apenas a região central concentrava os bares da cidade. Com o passar do tempo, o centro da cidade passou a ser um local menos seguro e houve a disseminação de bares nos bairros, fazendo com que freguesia boêmia central diminuísse. Por conta disso, o Bife Sujo passou a ser conhecido, apenas, como restaurante.

Segundo o proprietário do local, César Antônio Wisnievski, o restaurante atende em média de 90 a 120 pessoas por dia que procuram o local por sua variedade de pratos. “Frequento o restaurante durante a semana toda para almoçar. Acho muito boa a comida caseira que eles servem aqui, e trabalho aqui do lado. Para mim é a melhor coisa, inclusive venho às vezes aos sábados para a deliciosa feijoada”, diz José Henrique Maciel, 30 anos, administrador de uma empresa no centro de Curitiba.

Já Kelly dos Santos, 25 anos afirma que gosta de ir aos sábados para almoçar com seu namorado no Bife Sujo. “Geralmente, pedimos a picanha servida na chapa, nosso prato preferido”, comenta. “Gosto de trazer minha esposa e meus dois filhos aos sábados e nas férias, nos dias que não servem a feijoada, pedimos sempre os pratos a lá carte. Aprecio também uma cerveja aqui junto com as refeições”, conta Gilberto Meira da Silva, 46 anos.

História

O bar foi inaugurado em 1976, levava o nome de ‘’Bar Elle e Ella’’, na rua Cândido Lopes, e o proprietário, na época, era o moçambicano Eduardo How. Em 1982, Rui César da Fonseca assume a administração e, por insistência dos clientes, o bar acaba trocando de nome. Em homenagem ao seu petisco principal, com tiras de carne, queijo e tempero verde, o famoso Bife Sujo. Mais tarde, o estabelecimento ganha outra direção, sendo administrado pelos três famosos garçons da região: Pedro, César e Ney. Atualmente, apenas César comanda o restaurante, tendo ainda como gerente, Ney.

Em 2007, houve um incêndio destruindo a parte superior do local que, dois meses depois, foi reinaugurado com a data emblemática de 15 de setembro, o Dia do Cliente. “ Às vezes esqueço até do ano do incêndio, foi algo tão terrível que eu apaguei da memória, não gosto nem de lembrar”, relata Valdiney de Oliveira, gerente do local.

Na década de 1980, auge da ‘’ boemia poética’’, o bar ganha um cliente assíduo, o escritor Paulo Leminski Filho, poeta, romancista e tradutor curitibano. Ele frequentava o estabelecimento de duas a três vezes por semana, sempre com um pedido especial: uma bebida de vodka com Martini. Com isso, o drink ficou conhecido como ‘’Leminski’’ e que permanece no cardápio até hoje.

"Haja hoje para tanto ontem" (Paulo Leminski)

Imagem de Paulo Leminski no centro da cidade (Crédito: Kevin Capobianco)

Existe algumas lendas de poetas e escritores que sempre estavam presentes em mesas redondas junto com Leminski onde discutiam sobre literatura e poesia. Eles sempre afirmavam que o poeta tinha um jeito bastante explosivo e que sempre, quando estava indo embora sua frase era: "vou tentar pegar o Bife Sujo aberto”.

Leminski chegava no Bife, pedia seu drink de costume, sentava-se em uma mesa mais retirada e ficava escrevendo seus poemas em guardanapos. O gerente, Valdiney de Oliveira, relata que, num certo dia, enquanto preparava os drinks, trocou o tipo de bebida que ele gostava. O poeta levantou-se, aparentemente irritado e disse: “ Isso aqui não é o que eu bebo.’’

Paulo Leminski morreu em 7 de julho de 1989.

Serviço

Restaurante Bife Sujo

Rua Saldanha Marinho, 479 - Centro

Tel. (41) 3224-3099

Horário de funcionamento: Segunda a sexta, das 11h às 15, e sábado, das 11h às 16h

Estacionamento conveniado na frente do Bife Sujo

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