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Revista EntreVerbos

Aumento da incidência de sífilis em idosos pode estar relacionada a maior atividade sexual

O número de idosos acometidos com doenças sexualmente transmissíveis vem aumentando gradativamente ao longo da última década

Por Deyvson Rodrigues

A atividade sexual na terceira idade ainda continua sendo um tabu. Foto de Gustavo Fring no Pexels


Um dos principais problemas que tem afetado a saúde das pessoas idosas no Brasil nos últimos anos diz respeito ao aumento das doenças sexualmente transmissíveis, atualmente denominadas Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST´s).


O índice de pessoas com mais de 60 anos acometidas por IST´s só vem aumentando ao longo da última década. As patologias mais frequentemente detectadas junto ao referido público são: HIV, sífilis e hepatite (DATASUS, 2022), o que vem representando um sério problema de saúde pública, uma vez que, na maioria dos casos tais pessoas apresentam um quadro anterior de comorbidades que fragiliza ainda mais o seu estado clínico diante das possibilidades de tratamento e/ou controle das IST´s.


De acordo com dados do Ministério da Saúde, nos últimos dez anos houve um aumento em torno de 470% do número de pessoas com mais de 60 anos infectadas pelo Treponema pallidum, agente etiológico da sífilis.


Índice de notificações de sífilis adquirida entre os anos de 2010 a 2019 - Fonte: Ministério da Saúde/SVS — Sistema de Informação de Agravos de Notificação -Sinan Net


Especialistas no assunto têm apontado alguns fatores que podem ajudar a explicar o fenômeno do avanço desta doença em pessoas da terceira idade. Tais fatores estão intimamente relacionados com o prolongamento ou retomada de um padrão de vida sexualmente ativo por parte dos idosos.


O assistente social Danilo Lima estudou o caso particular da prevalência da sífilis no Estado de Alagoas, e, assevera que o fenômeno deve ser compreendido à luz do advento recente dos medicamentos vasodilatadores utilizados para distúrbios e disfunção erétil, que permitiram a reinserção de um grupo significativo de pessoas idosas à condição de sexualmente ativas.


Por outro lado, segundo o estudioso, as campanhas educativas e de prevenção empreendidas pelos governos e seus respectivos órgãos de saúde não têm vislumbrado o advento deste artefato epidemiológico que aponta para as pessoas da terceira idade como um grupo com significativa vulnerabilidade frente às doenças sexualmente transmissíveis.


Casos de sífilis adquirida vem aumentando no público da terceira idade. Fonte: Pexels


De acordo com Lima, geralmente as campanhas educativas sobre a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis vinculam-se de forma muito estreita com o público jovem. A linguagem utilizada em tais peças publicitárias buscam gerar uma identificação com o público que se presume mais vulnerável, utilizando signos e contextos inerentes ao universo de tais grupos.


Desta forma, é urgente pensar a prevenção da sífilis e outra Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST´s) de forma a contemplar também as pessoas da terceira idade, conquanto verifica-se uma completa ausência de políticas públicas voltadas para este segmento, no que concerne o direito à saúde e à dignidade, preceitos fundamentais afetos a todo cidadão, independente do gênero, etnia, classe social ou mesmo faixa etária.


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