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  • Por Douglas Miranda e Jhonatan Giovanini

Blusa, regata e guarda-chuva: entenda a variação climática de Curitiba

Amplitude Térmica é o fenômeno responsável pelas intensas variações de temperatura em Curitiba

Professor de Geografia explica que a localização da capital é o que favorece as mudanças de temperatura. (Crédito: Jhonatan Giovanini)

"Curitiba não nos poupa, ontem tomei sorvete, hoje tomo sopa". Se você circula pela capital paranaense de ônibus, mais especificamente se deslocando pela linha do biarticulado que sai do bairro Santa Cândida para o Capão Raso, certamente se deparou com este poema de Álvaro Posselt. A arte imita a vida e a vida imita a arte. Em Curitiba, é comum sair de casa preparado para um clima, e ao longo do dia ser surpreendido com uma repentina mudança de temperatura. O fenômeno responsável por essa constante variação é chamado de amplitude térmica. Segundo o técnico Reinaldo Olmar Kneib, do Sistema Meteorológico do Paraná (SIMEPAR), amplitude térmica é o espaço entre a temperatura mínima com a máxima de uma região.

As diferentes amplitudes térmicas registradas em dias em Curitiba. (Crédito: Simepar)

“Curitiba está localizada em uma serra, e o relevo da região é muito irregular. Isso gera circulações de ventos locais, associadas às diferenças de temperaturas em diferentes altitudes. Essas circulações locais interagem com fenômenos de escala maiores, alterando o tempo significativamente em intervalos curtos de tempo”, explica Kneib.

É importante entender que a amplitude térmica não é um intervalo de temperatura fixa, mas sim variável ao longo do dia. Para ficar claro, se pegarmos a temperatura máxima e subtrairmos a mínima, teremos como resultado a amplitude térmica. Essa medida pode ser diária, mensal e anual. Em média, Curitiba apresenta 10º graus de variação no dia, assim como alguns estados da região norte e nordeste do país. A diferença é que a amplitude térmica de Curitiba apresenta intervalos de temperaturas mais baixas se comparado com as demais.

Para o professor de geografia, Maurício Lelin, a localização é o fator mais determinante para que essas variações aconteçam com intensidade na região. “Além de Curitiba estar a 70 km de distância do mar, a formação do planalto onde a cidade está localizada é de bastante bacias hidrográficas, o que influencia em um clima mais úmido”. Outro ponto que Lelin destaca é a altitude. “Por estar a mais de 900 metros de altitude acima do nível do mar, Curitiba passa a ser a capital mais fria do Brasil”.

Infográfico que mostra os fatores que contribuem para as diferentes amplitudes térmicas em Curitiba. (Crédito: Jhonatan Giovanini)

O "tempo" ou o "clima" está ruim?

Um dos equívocos mais corriqueiros envolvendo a meteorologia está na definição entre tempo e clima. O meteorologista do Simepar, Reinaldo Olmar Kneib, esclarece a diferença: “tempo, é um conjunto de condições atmosféricas e fenômenos meteorológicos, que afetam a biosfera e a superfície terrestre em um dado momento e local. Temperatura, chuva, vento, umidade, nevoeiro, nuvens entre outros, formam o conjunto de parâmetros do tempo. Já o clima, constitui o estado médio e o comportamento estatístico dos parâmetros do tempo. Ou seja, a temperatura do ar, chuva, umidade do ar, sobre um período suficientemente longo de um lugar”.​ Então, quando se fala que há muitas variações climáticas na região de Curitiba no mesmo dia, o correto a se falar é de que existem variações no tempo ou nas condições do tempo. Pois, variações ou alterações climáticas referem-se às mudanças em uma estação.

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