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  • Por Alyne Taroco

H1N1 chega mais cedo em Curitiba

Com a chegada antecipada do vírus da gripe, lotes já estão esgotados em alguns pontos de vacinação

O surto da gripe Influenza A ou H1N1 pegou de surpresa os curitibanos. Em 2015, o primeiro caso foi registrado em junho, já nesse ano já são quatro casos da doença somente no mês de maio, sendo três casos de Influenza A – H1N1 e um caso de Influenza A- H3, segundo dados da Secretaria de Municipal da Saúde (SMS).

Com a chegada precoce da gripe, a procura pelas vacinas também aumentou. As redes particulares já aplicaram todos os lotes recebidos e ainda não existe data prevista para chegada de novas vacinas. Diversos órgãos de vacinação tiveram prazo de entrega adiado, como é o caso da Proteção Vacinas, localizada no bairro Batel, que previa a chegada de um lote de vacinas e precisou esperar por mais de uma semana. Outros locais, como o Pequeno Príncipe e Clínica de Imunizações, aguardam novos lotes.

Mais de 30 mil pessoas já tomaram a vacina, totalizando 80% do grupo de risco. (Crédito: Agência Brasil)

Para Thiago Liska, diretor do Laboratório Frischmann, o esgotamento rápido das vacinas se deve à cobertura extensa da mídia sobre os casos fatais da gripe em São Paulo. Liska afirma que ‘’em apenas 13 dias, aplicamos 25% mais doses comparados a quatro meses de campanha no ano de 2015.’’

Essa corrida pelas vacinas pode ser explicada pelos dados divulgados pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), que apontaram que, desde janeiro de 2016, o Paraná já tinha registrado 103 casos de Influenza, sendo 78 de gripe A (H1N1). Desses casos, foram confirmadas cinco mortes nas cidades de Quitandinha, Umuarama, Maringá, Foz do Iguaçu e uma em São José dos Pinhais, localizada na região metropolitana de Curitiba.

‘’A gente fica com medo, né? Ainda mais quando as mortes acontecem tão perto da gente, como aquela menininha daqui de Curitiba. Penso que é melhor prevenir do que remediar’’, diz Andressa Nogueira, de 24 anos, mãe de um bebê de apenas um mês. Os dois foram à Unidade de Saúde do Jardim Gabineto, localizado na Cidade Industrial, para tomar a vacina.

Segundo o Ministério da Saúde, aproximadamente 30 mil pessoas já receberam a vacina e a expectativa é de imunizar dois milhões de pessoas até o final da campanha. Idosos, crianças de seis meses até cinco anos incompletos, gestantes e mulheres com pós-parto de até 45 dias, portadores de doenças crônicas, além da população indígena e carcerária poderão tomar a dose de graça nas unidades de saúde.

Campanha de Vacinação

Em boletim divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba, em apenas duas semanas após o início da Campanha de Vacinação, 80% do público prioritário já foi vacinado. Porém, quando os grupos são avaliados separadamente, nem todas as gestantes e crianças receberam a dose.

A estimativa é de que 57,3% das gestantes foram imunizadas, totalizando 10.670, mas a previsão era vacinar 18.612. O mesmo caso ocorre com as crianças, onde a previsão era vacinar 101.561, mas apenas 71.317 crianças receberam a dose, representando 70,2% do grupo. A Campanha de Vacinação já imunizou 344.232 em Curitiba.

A vacina fornecida pelo SUS é a trivalente que protege contra os vírus da gripe A(H1N1), A (H3N2) e Influenza B do subtipo Brisbane. (Créditos: Agência Brasil)

Já nas redes particulares, o preço das vacinas varia mais de 60% estando entre R$80 e R$130, e são diferentes das vacinas distribuídas nos órgãos de saúde pública. Enquanto a vacina da rede pública imuniza contra os vírus H1N1, H3N2 e Influenza B do subtipo Brisbane, as clínicas particulares comercializam essa vacina e oferecem também a quadrivalente, que, além de proteger contra esses vírus, resguarda o corpo da Influenza de subtipo Phuket.

Márcio Antônio de Camargo, 42 anos, mostrou indignação ao falar do assunto: ‘’O que vemos aqui é um absurdo! Até os presidiários tem direito à vacina, mas o trabalhador não. Sem contar que o pouco que fornecem ainda não é o suficiente para atender toda a demanda, como é o caso da minha filha: ela tem três anos e não conseguiu tomar a vacina porque acabou, nem pagando não dá porque simplesmente não tem. ’’

No boletim epidemiológico de Influenza, divulgado pelo Ministério da Saúde, já foram registradas 71 mortes por H1N1 no Brasil até março de 2016, enquanto no ano passado inteiro, foram apenas 36 mortes pela gripe em todo o país. É frequente as pessoas confundirem a gripe causada pelo vírus Influenza com uma gripe comum, uma vez que os sintomas são parecidos.

A gripe H1N1 é aliviada da mesma forma que a gripe comum, utilizando antitérmicos, analgésicos, antibióticos e inalações, mas ainda não há tratamento específico para esse tipo de vírus. Pessoas que possuem doenças respiratórias são mais suscetíveis a contrair a infecção.

A seguir, veja os sintomas da gripe H1N1 e suas formas de prevenção:

Entenda como funciona a vacina

Em entrevista para a EntreVerbos, o médico Danilo Aedo Gardim Camilo esclarece algumas dúvidas sobre a vacina contra a gripe Influenza A.

A vacina possui contraindicações; algumas vezes o paciente pode contrair a gripe comum. (Créditos Agência Brasil)

[Revista EntreVerbos] Como a vacina é elaborada?

[Danilo Aedo]: A vacina é feita com pedaços do vírus, que são multiplicados em embriões de galinha, dentro do ovo. Esses vírus, depois de cultivados, são fragmentados e preparados para serem aplicados. Ao entrar no nosso organismo mostram a ele como o vírus é, criando assim uma defesa preparada para quando o organismo encontrar o vírus.

[EV]: Ela é a mesma todo ano? Ou existem variações?

[DA]: A vacina apresenta variações, mas sempre contendo o H1N1. Todo ano surgem surtos de gripe que podem se alastrar e esses surtos são monitorados nos invernos dos hemisférios. O vírus então é reconhecido e a vacina do ano seguinte, normalmente, já vem preparada contra vírus que apareceram a mais nos invernos do ano que passou.

[EV]: Qual é a melhor vacina atualmente? Por que?

[DA]: As vacinas no mercado brasileiro, a trivalente e a tetravalente são excelentes. As duas contemplam a composição dos vírus contidos na vacina obrigatória pela OMS (Organização Mundial de Saúde), que se baseia na maior circulação observada de vírus no hemisfério norte no ano anterior. Importante reiterar que todas estas vacinas – da rede pública ou privada, trivalente ou tetravalente – protegem eficazmente contra os vírus da gripe de 2016.

[EV]: Existe algum grupo específico de pessoas que não é indicado a tomá-la? Por que?

[DA]: As pessoas com alergia comprovada ao ovo não devem receber a vacina. Quem está com imunodepressão, natural ou medicamentosa, deve receber orientações específicas do próprio médico.

[EV]: Como ela age no nosso organismo? E quanto tempo leva para fazer efeito?

[DA]: Após a aplicação da vacina, algumas poucas pessoas podem apresentar febre, mal-estar e um pouco de dor no local da aplicação. Dentro de duas a três semanas a pessoa já estará produzindo os anticorpos contra a gripe. A duração da vacina é, em média, de um ano.

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