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  • Por Aliana Machado

Proliferação de pombos representa perigo à saúde

Apesar de parecerem inofensivas, estas aves trazem vários transtornos para a área urbana

Pombos na Praça Tiradentes. (Créditos: Aliana Machado)

Os pombos são aves que se adaptam facilmente à urbanização e não há muitos predadores. Por conta disso, estas aves trazem alguns transtornos, tornando-se uma praga nas grandes cidades. Elas danificam o patrimônio público, as estruturas de madeira, metal e cobre através de suas fezes, e também a saúde pública, pois transmitem indiretamente doenças, segundo a Secretaria Municipal da Saúde.

As doenças mais comuns associadas aos pombos são pneumonias, rinites crônicas, meningite e dermatites, além dos piolhos, que podem gerar alergias sérias. Em média, 200 pessoas por ano pedem algum tipo de auxílio, para o Controle de Zoonoses Municipal, relacionados aos pombos em suas residências. A bióloga e chefe de fauna sinantrópica (aquela adaptada a viver em centros urbanos) da Prefeitura de Curitiba, Cláudia Staudacher, orienta que os cidadãos não forneçam os 4 As - água, alimento, acesso e abrigo - para os animais.

Segundo o veterinário Ricardo Simões, existem muitos pombos em Curitiba por ele ter uma natureza invasora. “Foi colocado uma espécie natural de outro país em um ambiente propício para a vivência deles. Os pombos são bem maiores que os outros pássaros e, assim, eles conseguem competir pelo espaço e pelo alimento”.

Simões aponta ainda que a proliferação dos pombos se dá de forma desequilibrada. "Se não tivesse uma população tão grande de pombos, eles ocupariam um espaço menor e as outras espécies que são naturais da região, como o joão-de-barro e o bem-te-vi, voltariam a se proliferar porque hoje existe uma briga injusta”, analisa.

Em uma cidade da Europa foi possível fazer o controle dos pombos, ouça a explicação da bióloga. Depois disso, os ovos são tirados diariamente dos ninhos e, no lugar, são colocados ovos falsos. Cláudia ainda esclarece que é possível controlar a população dos pombos, mas no Brasil é improvável de acontecer, pois grande parte da população alimentam essas aves de forma indireta, sendo essa uma questão cultural.

O pombo-comum ou pombo doméstico é uma ave pertencente à ordem Columbiformes. É proveniente da Eurásia e África. Atualmente possui ampla distribuição por causa da alta capacidade de adaptação a diversos ambientes, como savanas, campos, áreas cultivadas e, inclusive, grandes cidades. A ave foi introduzida no Brasil no período inicial da colonização portuguesa, mas também é encontrado em grande quantidade em países como Bolívia, Chile, Peru.

Segundo Cláudia Staudacher, os pombos só não existem nos polos Ártico e Antártico, razão pela qual os pombos são conhecidos como as aves do mundo. A especialista destaca que usamos erroneamente o termo adaptação relacionado ao pombo, já que ele é um animal totalmente plástico. Confira aqui a diferença desses dois termos. “É por isso que o pombo tem tanto sucesso; se a situação acaba ficando ruim para ele, ele consegue sobreviver de outra maneira se moldando ou se plastificando", pontua Cláudia.

As aves possuem cerca de 35 centímetros de comprimento, com peso entre 238 e 380 gramas. A alimentação dos pombos adultos que vivem nos campos é constituída basicamente de grãos integrais e pequenos insetos. Já os pombos que vivem no perímetro urbano ingerem grãos, restos de alimentos e resíduos encontrados no chão.

As cores mais comuns dos pombos são o branco e cinza, mas é possível encontrar com tons de marrom também. Estas aves geralmente são monogâmicas e fazem ninhos a partir de galhos de árvores, em locais protegidos de chuvas e ventos fortes, como telhados, parapeitos de janelas e galpões. Os filhotes, após o nascimento, permanecem no ninho por volta de um mês.

Os seus ninhos são constituídos de 30% gravetos e 70% fezes. (Créditos: Kevin Capobianco)

Pombos transmitem doenças de forma indireta

Além dos pombos afetaram a saúde humana, animais domésticos também podem sofrer com as doenças que os pombos transmitem. “A Criptococose afeta os animais no momento em que a ave vai se alimentar da comida dos animais e acaba defecando no local, causando danos no pulmão podendo chegar a causar meningite”, afirma Simões.

Porém, para Cláudia Staudacher, o pombo não é encarado como transmissor de zoonoses. "A gente encara como um transmissor o animal que é portador de uma bactéria, um vírus que ele transmita diretamente para o ser humano", explica.

Cláudia diz que o pombo não carrega no organismo nenhum patógeno que possa causar a morte eminente de uma pessoa, sendo um transmissor indireto, um veiculador. Ouça aqui um exemplo de transmissor direto. A salmonela é encontrada nas fezes do pombo, só que ela não é uma particularidade dessa ave, também é possível de encontrá-la nas fezes de outros animais, como as do cachorro, nos ovos e nas carnes cruas também.

Os pombos são aves "plastificadas". (Créditos: Kevin Capobianco)

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