Quando o mercado de trabalho não é compatível com seus sonhos
- Revista EntreVerbos

- há 18 minutos
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Histórias de recém-formados mostram como o desemprego prolonga a entrada no mercado de trabalho, exigindo persistência e reinvenção
Autor(a): Talita Lopes

Nos sonhos de um universitário, a trajetória após a graduação é clara: formatura, efetivação no estágio ou primeiro emprego. Na prática, o cenário não é bem assim.
Em 2025, o desemprego geral no Brasil estava em 7,0% no primeiro trimestre, mas entre jovens de 18 a 24 anos, a taxa quase dobrou, alcançando 14,9%, o menor nível de empregabilidade para esse período desde 2012. A diferença revela o quanto a transição do diploma para o mercado de trabalho continua sendo um enorme desafio.

Essa estatística se materializa na trajetória de Simoní Barbosa, 24 anos. Durante a faculdade de Psicologia, dividia-se entre seu trabalho fora da área e os estágios obrigatórios. “Trabalhava o dia inteiro e ainda tinha que correr para a faculdade, estudar, fazer provas. Era exaustivo”, conta. Agora, já formada, segue conciliando ambas as funções. “O retorno financeiro ainda é baixo, mas cada atendimento me lembra o porquê escolhi essa profissão.”
A dificuldade de inserção no mercado também atravessou a história de Jully Ana Mendes, 25 anos, recém-formada, que também precisou reavaliar a trajetória. Formada em Jornalismo, percebeu durante os estágios que a rotina tradicional da profissão não a satisfazia. “Me sentia presa a um formato que não me permitia criar”, explica. A virada veio com a publicidade. “Encontrei um espaço mais livre e entendi que posso explorar a comunicação de outros jeitos, sem abandonar o que aprendi.”
Embora o tema seja recorrente, cada geração enfrenta os desafios de recém-formados na inserção no mercado de trabalho e o problema da falta de apoio inicial de maneiras diferentes. A diferença é que, no cenário atual, muitos jovens também precisam redirecionar carreiras logo após a formação, como mostram as histórias de Simoní e Jully.

Além das experiências individuais, o desafio de jovens recém-formados é também estrutural. Segundo o analista de recursos humanos Lucas Carvalho, o problema vai além da qualificação técnica. Ele conta que uma parte da solução passa pela ampliação de experiências práticas ainda na universidade. Estágios, voluntariado e projetos extracurriculares podem reduzir a defasagem entre formação e mercado. Mas ele alerta: nem todos os jovens têm acesso a essas possibilidades, o que reforça desigualdades já existentes.
Para muitos jovens, o diploma deixa de ser o início de tudo e é apenas um dos primeiros passos em uma jornada longa e desafiadora. Persistir na área escolhida ou redescobrir caminhos paralelos tornou-se mais comum do que seguir o roteiro idealizado no início da graduação.









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