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  • Por Letícia Carstenzen

Doação de órgãos: Brasil é referência, mas ainda há problemas

O Brasil é referência no sistema de transplante de órgão, mas muitos pontos ainda são falhos

Muitas pessoas estão na fila de espera por um órgão no Brasil (Crédito: Pixabay)

No primeiro trimestre de 2017 a fila de espera de doação de órgãos no Brasil era de 34.384 pessoas, entre rim, fígado, coração, pulmão, pâncreas e córneas. O estado com maior fila de espera é o de São Paulo, que totaliza 15.578 pessoas. O tempo de espera pelo transplante é de aproximadamente de 3 anos. Os dados são da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO).

No Brasil, cerca de 90% dos transplantes feitos todos os anos são realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), mas há problemas afetam a agilidade e um crescimento no numero de doadores. Alguns hospitais têm fragilidade nas aparelhagens e, muitas vezes, a família também não autoriza a doação.

Ivonei Bittencourt é enfermeiro e trabalha há 10 anos como coordenador de equipe de doação de órgãos. Bittencourt também foi o criador da página do facebook “Doação de Órgãos", pois acredita que o principal motivo para as pessoas não doarem é a falta de informação. Para ele, muitos não sabem da importância e benefício em doar órgãos, e outros não acreditam no processo de doação do Brasil. Além disso, alguns fatores também colaboram para que a família se recuse a autorizar a doação, como a religião, por exemplo.

Nesse sentido, especialistas apontam que é importante comunicar aos familiares o desejo de ser doador de órgãos, pois segundo a legislação brasileira a doação só é feita com autorização dos familiares mais próximos (pais, cônjuge, filhos). “Quando fica pronto o diagnóstico de morte encefálica, o médico anuncia a morte do paciente e a equipe de doação de órgãos oferece à família a oportunidade de doação. Como muitos não conhecem o desejo do falecido, concluem que ele era contrário à doação por não verbalizar. Por isso, é fundamental deixar claro para a família seu desejo em ser doador. Doação de órgãos é corrida contra o tempo e quanto mais cedo for concluído o processo, melhor a qualidade do órgão e a sobrevida do transplantado", aponta o enfermeiro.

Pacientes na lista de espera no Brasil no primeiros trimestres desse ano. (Crédito: ABTO)

Como funciona a fila de espera?

A fila de espera é organizada por ordem cronológica, mas alguns casos dependem da gravidade da doença. Segundo o Regulamento Técnico do Sistema Nacional de Transplantes, menores de 18 anos têm prioridade nos transplantes, por isso, crianças e adolescentes têm maior chance de receber um órgão.

Procedimento no sistema da lista de espera. (Crédito: Letícia Carstenzen)

Além da doação feita pela morte cerebral, alguns órgãos podem ser doados em vida. Por lei, parentes até o quarto grau e cônjuges podem ser doadores em vida. Não parentes, somente com autorização judicial.

A médica gastroenterologista Daphne Benatti Morsoletto explica como funciona o processo: “Um doador vivo pode doar um rim, parte do fígado e parte do pulmão. Um doador falecido pode salvar, em média, oito vidas. Se for doador de tecido musculoesquelético (ossos e pele), aí pode beneficiar mais de 100 pessoas.”

No Paraná existe um grande número de hospitais que fazem a cirurgia de transplante de órgão, como coração, rins e fígado. Por isso, é comum pessoas de outras regiões do país viajarem, principalmente até a capital, para realizar o transplante.

Lista de Hospitais no Paraná que realizam transplantes de órgãos. (Fonte: Secretária de saúde Estado do Paraná.)

Para incentivar as doações de órgãos e, principalmente, a conversa com os familiares sobre o assunto, o Ministério da Saúde vem realizando campanhas em diversas mídias. A última campanha contou com atletas de diferentes esportes que precisaram de um transplante. Veja algumas campanhas:

Ministério da Saúde usa atletas transplantados em campanha. (Crédito: Portal da Saúde)

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