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  • Por Patrícia Fernandes e Caroline Cortes

Não era amor, era uma roubada: os repórteres da madrugada

A rotina dos repórteres que trabalham à noite desconhecida pela maioria dos telespectadores.

Na foto, o repórter Daniel Santos separa um pedaço de pão, na tentativa de se aproximar de moradores de rua e conseguir uma entrevista. (Crédito: João Frigério)

Muitos jovens sonham em trilhar o caminho da comunicação, almejam ser repórteres de TV e cobrir grandes reportagens. Porém, poucos sabem dos riscos ou sacrifícios da profissão. Segundo a Organização das Nações Unidas ONU, um jornalista é morto por semana no mundo.

São desafios que amantes do jornalismo sofrem diariamente mas, quais são os riscos corridos por repórteres que atuam na madrugada? Geralmente, os atuantes desse turno cobrem o setor policial: assalto à residências, homicídios, acidentes de trânsito, etc.

Muitos recém-formados quando entram em uma emissora de televisão são colocados como repórteres plantonistas, atuando no horário da meia-noite às seis da manhã, um horário pouco desejado pelos repórteres. São poucos os jornalistas que gostam da madrugada, justamente por estarem propensos a enfrentar alguns riscos que comprometem suas vidas.

Tais como a perda do convívio familiar, stress, afetando a qualidade de vida destes profissionais. Apesar de o sono afetar a saúde, dormir menos pode ser considerado algo positivo para os profissionais, certamente quando fazemos referência a informação que deverá ser publicada no dia seguinte.

Estudos apontam que trocar o dia pela noite pode trazer riscos à saúde, mas um jornalista que trabalha durante a madrugada pode registrar algum furo, que gere impacto social, ou até mesmo conceder a notícia primeiro.

A partir do grande consumo pelo leitor e telespectador, e há uma cobrança maior dos novos profissionais que entram no mercado, por sempre ter novas informações e atualizações dentro do veículo. Isso faz com o que o repórter precise ser mais ágil e eficaz na produção do material jornalístico.

Quem são os jornalistas da madrugada?

Há dois perfis de jornalistas que trabalham na madrugada: os que amam trabalhar nesse horário e os que não podem escolher os plantões, geralmente, os “focas”, como são chamados os jornalistas principiantes. Um repórter que ama a noite e o que faz não pretende sair da vida noturna.

Já os focas atuam com o desejo de mostrar que são capazes de realizar qualquer tarefa imposta e ganharem destaque no veiculo, assim conseguem um horário fixo durante o dia.

Durante as madrugadas ou não, essa profissão é perigosa, pois o jornalista têm que revirar histórias e desvendar mistérios, o que não agrada muitas pessoas, principalmente, os que são os focos de uma reportagem. Isso faz com que um repórter se arrisque durante toda a jornada de trabalho. Mas, até onde um jornalista pode chegar em uma reportagem?

Nessa profissão quem dá a notícia primeiro é mais visto, quem consegue as melhores imagens, são mais requisitados. Porém, para que isso aconteça é necessário sofrer riscos que podem atentar contra a vida do profissional da madrugada.

É necessário que a pessoa que esteja disposta a trabalhar neste ramo tenha um perfil corajoso, forte para enfrentar determinadas situações, que, na maioria das vezes, são desagradáveis, como duplo homicídio, assassinatos de jovens, crianças que vão a óbito de forma muito brutal.

Nestes últimos casos, os crimes demoram a ser divulgados na mídia, principalmente por ter que avisar os pais antes; também pelo modo como a divulgação é feita, pois a maioria dos responsáveis demoram para aceitar o que aconteceu com a criança.

Nesta questão surge o outro lado do repórter, o lado humano, pois muitos têm filhos em casa e isto marca muito a vida de um profissional que encontra-se na cobertura jornalística naquele exato momento.

O repórter da madrugada geralmente cobre a editoria de "Polícia". Assim, este repórter lida com assuntos pesados e com frequência pessoas comuns pensam que ele já está acostumado em divulgar e conviver com este tipo de informação, trazendo notícias tristes e desagradáveis.

Para o público, são pessoas insensíveis, porém, trabalhar na área policial não significa insensibilidade e falta de comprometimento, mas sim profissionalismo por parte do repórter que ficou responsável pela matéria.

O repórter deve encarar a realidade nua e crua, que muitas vezes a sociedade prefere fechar os olhos e fingir que não vê, pois é algo mais fácil do que se importar com a situação do próximo.

Poucas pessoas são capazes de exercer esta função, certamente por sempre ter que lidar com a adrenalina, que é um ponto que vai estar sempre presente na vida de um profissional da madrugada, pois, a cada plantão, pode ocorrer uma coisa diferente. O repórter nunca sabe o que o espera.

Relatos da vida nas madrugadas

Não há uma regra que estipule até onde um jornalista pode ir para conseguir alcançar o melhor posicionamento em uma reportagem, sempre irá existir os repórteres que farão tudo para conseguir o melhor furo e as melhores imagens.

O jornalista Eleandro Passaia tem 20 anos de profissão e já presenciou inúmeras situações quando atuava nas madrugadas. Em entrevista para a EntreVerbos, ele contou sobre uma reportagem que o fez perder o fôlego.

Atualmente, Eleandro é apresentador do programa Tribuna da Massa manhã, na emissora Rede Massa, afiliada do SBT no Paraná. O jornalista relatou sobre o medo que sentiu durante uma reportagem.

O repórter João Gimenes estava presente durante a entrevista e contou sobre uma ocasião em que sentiu medo. “A situação que me fez ter medo foi ficar no meio de um tiroteio, infelizmente, já tive essa experiência”, diz o repórter.

Confira a entrevista completa:

Procuramos o Sindicato dos Jornalistas para buscar mais informações sobre benefícios que os repórteres da madrugada recebem, além do adicional noturno, ou algo que proteja sua integridade durante a jornada de trabalho. Mas até o fechamento desta matéria não tivemos o retorno.

O destaque das mulheres no jornalismo policial

A maioria dos profissionais que trabalham com reportagens policiais são homens. Ser repórter nas madrugadas exige muito do jornalista e traz riscos. Para entender um pouco dos pontos positivos e negativos desta função, nossa equipe conversou com alguns jornalistas que já trabalharam nesse meio.

"Como a mulher é mais sensível, acredito que ela pode se destacar, trazendo as histórias que existe por trás de cada morte", diz Eleandro Passaia.

Confira na íntegra a entrevista do apresentador, que já trabalhou nas madrugadas.

A jornalista Daniela Sevieri, conta um pouco da sua rotina como repórter policial na madrugada e aborda temas interessantes sobre a questão da sensibilidade da mulher. Ela explica a figura feminina como jornalista policial, citando a reportagem que mais marcou sua trajetória como repórter. "Um acerto de contas que acabou ceifando a vida de uma criança de nove meses", relata na entrevista abaixo:

Outro ponto relevante para as jornalistas que estão iniciando nesta profissão é o fato da repórter policial mulher encarar a situação de modo diferente, com mais emoção e sensibilidade pelas vítimas, pois por trás daquele cadáver estirado no chão tem uma história, uma oportunidade de vida que foi apagada naquele momento.

Em entrevista, o repórter cinematográfico Tony Mattoso relata algumas experiências vividas durante a sua passagem pela área policial, expondo alguns pontos específicos sobre a vida de quem trabalha na madrugada. Mattoso comenta que o profissional deve precaver-se em coberturas por estarem expostos a riscos e imprevistos que podem colocar a vida do próprio profissional em jogo.

Confira o relato completo abaixo:

Já o repórter cinematográfico Edson Vidal conta como é a rotina dentro da área policial e traz alguns aspectos importantes para os jornalistas que se formaram recentemente e pretendem atuar nesta área. Confira a entrevista abaixo:

Já o repórter cinematográfico João Frigério da Rede Massa relata sua experiência nas coberturas policiais e declara fatos relevantes que marcaram a sua vida e agregaram na sua experiência como repórter policial. Veja o depoimento do repórter na entrevista:

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