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  • Por Fernanda Bueno

Garis garantem reputação de cidade limpa

Curitiba está entre as 28 cidades mais limpas do mundo, mas isso não significa, necessariamente, mais consciência ecológica.

Em cada rua do centro da cidade há, pelo menos, um gari. (Crédito: Fernanda Bueno)

Em uma sociedade cada dia mais consumista, a quantidade de lixos que produzimos todos os dias só aumenta. De acordo com um ranking criado pelo Hassle.com, Curitiba está entre as 28 cidades mais limpas do mundo e, com isso, é considerada o modelo do Brasil pelos cuidados com o Meio Ambiente. Mas isso acontece porque as pessoas são conscientes ou porque nossos garis trabalham constantemente para manter a “boa reputação” da cidade?

A Prefeitura Municipal de Curitiba informou para a equipe da EntreVerbos que, em média, são recolhidos por dia 1600 a 2000 toneladas de lixo, sendo 100 toneladas de materiais recicláveis. O grande problema é que, além de produzir um grande número de lixo, as pessoas jogam alguns deles no chão.

A Cavo, empresa responsável pela operação da limpeza pública da cidade, foi contatada pela reportagem, mas não concedeu entrevista.

Quem nunca ouviu alguém dizer que joga lixo no chão para garantir o trabalho dos garis? A realidade é bem diferente. As pessoas não sabem que as coletas não são simplesmente de resíduos domésticos, decorrentes daquilo que as pessoas consomem. O trabalho dos garis também é coletar resíduos de podas de árvores e arbustos, madeiras, terra (nas calçadas ou praças) e outros, que não necessariamente, são resultado de atitudes de desprezo dos indivíduos.

“Nem sempre tem conscientização. As pessoas não respeitam. Às vezes eu mesma deixo cair alguma coisa no chão, por exemplo, um cigarro; não é o certo, mas pela pressa nem sempre eu paro para pegar”, comenta Erica Pereira, que trabalha em uma loja no centro da cidade e acompanha o trabalho dos garis.

Diferente de Erica, Isidório Santana, que gosta de passear pela praça, generaliza e afirma que "o ser humano é falho. Um joga lixo aqui, outro ali. Se não fosse os garis, a cidade estaria imunda". O aposentado aponta para uma gari que está limpando a praça enquanto admira e comenta sobre o trabalho desses profissionais.

O Departamento de Educação para a Sustentabilidade da Secretaria Municipal do Meio Ambiente desenvolve alguns projetos de educação ambiental. Eles buscam conscientizar os moradores da cidade dos graves problemas que o lixo traz para a sociedade e o quanto a decomposição dele na natureza é lento.

Concorrentes ou colegas de ação?

Os garis proporcionam uma boa qualidade de vida para a cidade, fazem com que não haja acúmulo de lixo nas ruas e bueiros, o que evita a proliferação de bichos, enchentes e doenças. Mas, não são só eles que tornam a cidade mais limpa. Os chamados carrinheiros também ajudam de maneira direta a limpeza da cidade. Atuam como trabalhador informal, andando pelas ruas da cidade coletando resíduos sólidos.

Muitos carrinheiros afirmam que seu trabalho é uma forma de colaborar para uma cidade melhor. Mesmo que o objetivo seja o lucro que esses materiais trazem ao final do dia, não deixa de proporcionar, também, lucro à beleza da cidade. E eles se consideram concorrentes?

Coleta e reciclagem de lixos da cidade é feita também pelos carrinheiros. (Crédito: Fernanda Bueno)

Roberto da Silva, carrinheiro há 18 anos, afirma que não há concorrência entre esses dois profissionais da limpeza de Curitiba porque, diferente dos garis, os carrinheiros não são "fixos". O dia que tem lixo eles lucram por ele, o dia que não têm eles acabam voltando para casa de mãos vazias. A reciclagem é feita por eles mesmos durante a coleta, o que evita a acumulação de lixo, além de promover a preservação ambiental.

Ambas as profissões são de extrema importância para uma cidade cada dia mais limpa. Esse trabalho que não é, por vezes, visto pela sociedade, está presente em cada rua da cidade e é pela mão dos garis e carrinheiros que a Curitiba mantém sua imagem de cidade modelo.

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