O mundo pet cresce cada vez mais e, com isso, os bichos exóticos e silvestres ganham espaço dentro das casas dos curitibanos.
Uma coruja Tyto Furcata, popular Coruja de Igreja, depois de seu almoço (Crédito: Divulgação Ryulong Pet Store).
Normalmente, quando falamos sobre bichos de estimação, logo pensamos em cachorro, gato, peixe, hamster e, às vezes, até em tartaruga. Porém, várias pessoas preferem animais não tão convencionais. Cobras, saguis, lagartos, e araras são só alguns exemplos de uma fauna exótica que já vem sendo domesticada.
A maioria das pessoas tem receio em adquirir animais diferentes e acabam optando pelos pets tradicionais, talvez por insegurança ou falta de informação. Entretanto, os animais legalizados pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (IBAMA) para compra, em lugares especializados, não são considerados peçonhentos. Então, a boa notícia é que não é tão arriscado assim ter um bichinho diferente. Mas, sem esquecer que existem alguns cuidados a serem tomados ao adquirir bichos exóticos ou silvestres.
O pequeno sagui aguardando um lar (Crédito: Divulgação Ryulong Pet Store).
Uma preocupação é a nutricional, pois não se trabalha com ração para esses tipos de animais. Muitas pessoas não têm conhecimento de como alimentar um bicho e isso acaba gerando problemas na nutrição. Exemplo disso são os donos de papagaios e araras, que acabam alimentando-os apenas com semente de girassol, sendo ela extremamente calórica, gerando obesidade nas aves.
Segundo a classificação do IBAMA, existe uma diferença bem grande entre animais exóticos e silvestres. Os exóticos são de faunas do exterior e os silvestres são da nossa fauna. Porém, não é em todo lugar que dá para adquirir um animal não convencional. Os especialistas precisam ser licenciados pelo IBAMA para poder criá-los. Logo, para se ter um bicho totalmente legalizado é preciso recorrer ao procedimento padrão.
O bicho exótico mais vendido legalmente é o furão. Oposto a isso, a Corn Snake ou Cobra do Milho é a mais comercializada ilegalmente. Ela leva esse nome por ser pequena e muito comum em plantação de milho. É legalizada nos Estados Unidos e adquirida como bicho de estimação pelas crianças.
Hugo Segalla e sua linda arara Macao (Crédito: Divulgação Ryulong Pet Store).
Em Curitiba, existem muitas pessoas apaixonadas por bichos exóticos, uma delas é o Hugo Leonardo Tortato Segalla. Ele é louco pelos pets não convencionais e teve seu primeiro em 2003, uma aranha. Hoje tem gato, cachorro, arara e sagui.
Hugo é responsável por uma feira onde pessoas que têm animais silvestres e exóticos se reúnem para levar seus bichos. Ele proporciona um lugar para elas mostrarem seus animais, discutirem experiências, trocarem ideias e, obviamente, matar a curiosidade de interessados. Ele começou essa feira há três anos com 20 pessoas e, na sua última edição, já teve 450 participantes. Para quem tem curiosidade e quiser participar, entre em contato no Ryulong, organizador da feira.
Ju, a jiboia descansando (Crédito: Divulgação Ryulong Pet Store).
No âmbito da lei
A revista EntreVerbos conversou com o veterinário Ricardo Simões Alves Pinto para falar um pouco sobre os animais legais e ilegais. Ele disse que, por questões éticas, não pode recusar tratamento a um animal, independente se ele é legalizado ou não. “É irrelevante se ele vai ter número de registro. O que importa é a saúde do animal”, ressalta.
Ainda segundo o veterinário, existem alguns animais que não têm a liberação para o comércio, pois são uma ameaça ao ambiente, podendo até desestruturar a cadeia alimentar e ocasionar a formação de pragas. Esse é o motivo pelo qual o IBAMA acaba controlando tanto. É seguindo essa linha de raciocínio que as aranhas não podem ser comercializadas, pois, se forem soltas no ambiente, podem desequilibrar o ecossistema.
De acordo com zootecnistas, nem mesmo os peixes se salvam da relação do IBAMA. Principalmente, os peixes invasores, predadores e prolíferos (que fazem prole). Estes podem causar danos ambientais se forem soltos e, até mesmo, dizimar o meio aonde estiverem.
O veterinário Ricardo Simões Alves Pinto fala sobre a medicina preventiva relacionada aos animais não convencionais (Crédito: Aliana Machado).