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  • Por Mariana Campioni

Uma arte estampada pela cidade

Arte urbana do grafite colore locais privados e públicos de Curitiba

Grafite de Paulo Leminski na Travessia Tiradentes (Crédito: Mariana Campioni)

O grafite está ganhando espaço em Curitiba. O artista João Marcos do Nascimento Rezende de Carvalho, de 23 anos, diz que ele e vários amigos de profissão não ficam parados. Porém, ainda que a cidade tenha aberto espaços para a divulgação desta arte, como em viadutos e terminais, Carvalho diz que a ideia de grafite ainda é "vaga" demais.

Ele diz que a maioria das pessoas que solicitam o grafite querem simplesmente evitar que os locais sejam pichados e não, necessariamente, usufruem da beleza e da técnica próprias do ofício. "Eu creio que essa não deveria ser a motivação, mas, sim, porque gostam da arte”, diz o grafiteiro.

O grafite tem ocupado novos espaços, tornando-se uma alternativa estética também para bares e locais que antes evitavam este tipo de prática. A cidade chegou a sediar um evento Street of Styles – Encontro Internacional de Grafitti, que contou com talentos de mais de 16 países.

O grafite é uma forma de protesto ou de manifestação, é uma intervenção urbana. Carvalho diz que a ideia vai além de um simples desenho, sendo uma forma de confrontar o momento que a sociedade vive. Porém, ele também se queixa de que esse desejo estritamente estético das pessoas pela prática acaba censurando suas ideias de projeto. "É raro alguém que libere o muro para eu fazer aquilo que eu realmente gostaria de fazer”, conta.

O cenário curitibano

Mesmo que Curitiba seja hoje mais receptiva em relação ao grafite, este cenário ainda se encontra muito fechado, se comparado a cidades como São Paulo, por exemplo. De acordo com Carvalho, a população da capital paulista está mais aberta à prática, enquanto em Curitiba é comum que um artista seja abordado e questionado enquanto grafita.

O movimento do grafite começou em meados dos anos 1970 e ganhou repercussão no Brasil, primeiramente na cidade de São Paulo. Na capital do Paraná, a prática do grafite já existe desde o início dos anos 1980, de acordo com o livro “Espelho na Cidade”, de Valdecimples e Tatiana de Alves e Souza. A arte era frequentemente executada através das técnica de stencil e estava bastante ligada às torcidas organizadas de futebol.

Grafite de stencil (Crédito: Flickr/ Dan Brickley)

Diferentemente dos pichadores, os grafiteiros costumam requerer a permissão dos responsáveis pelos imóveis, quando a "tela" está em propriedades particulares. “Se a propriedade for particular, é bem simples e, se for um trabalho autoral, eu não vou cobrar. Basicamente, é bater palma e pedir. Na empresa, alguns pedem para ver o desenho antes e, autorizando, a gente pinta”, relata o grafiteiro.

Já se o espaço é público, deve-se ter cuidado. O primeiro passo é verificar qual é o órgão responsável pelo local e identificar qual o processo será necessário para grafitar o local. “Já realizei trabalhos comerciais também, como o do viaduto da Marechal com a linha verde. Ali foi um edital da Fundação Cultural, onde vai toda burocracia: colocar proposta, orçamento, nome dos artistas, enfim, é atender os requisitos que o edital manda”, conta Carvalho.

Grafite João Marcos, viaduto da Av. Marechal Floriano com BR 116, em Curitiba PR (Crédito: João Marcos)

Abaixo você consegue ver como funciona a arte do grafite. O vídeo foi cedido pelo grafiteiro João Marcos Carvalho.

Grafite é arte, pichação é crime

Pichação e Grafite (Crédito: Mariana Campioni)

Como já foi visto, grafite é uma arte de expressão, com respaldo da lei para ser executada. Quando tem autorização, pode ser feito em qualquer local. Do lado oposto está a pichação, que, segundo a lei , é um crime, pois é algo realizado sem permissão em locais públicos ou privados.

A pichação é feita para que determinados nichos coloquem sua “marca” pela cidade. Pode ser uma maneira de delimitar o local entre pessoas que pertencem a meios opostos ao seu.

A pena para esta prática é de seis meses a um ano de detenção e pagamento de multa, sendo que a gravidade da punição aumenta se a ação ocorrer em locais considerados históricos. É possível denunciar pichações, de forma anônima, pelos telefones 190, da Polícia Militar, 181, do Disque denúncia, 156, da Prefeitura Municipal de Curitiba, ou 153, da Guarda Municipal.

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