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  • Por Ivana Adrogué

Dietas sem carne: cresce interesse por novos hábitos alimentares

Jovens, a partir de seus ideais, migram para hábitos veganos e vegetarianos

Consumo de frutas e vegetais nas dietas alimentares. (Crédito: Freepik)

É grande o número de jovens que têm adquirido novos hábitos alimentares tendo como motivos ideais a proteção de animais, bem como da própria saúde. Alimentos como carne, de qualquer que seja o animal, em excesso, pode, com o tempo e de forma progressiva, danificar o organismo e seu funcionamento como um todo. Além do maior motivo: a preocupação com a excessiva matança de animais para a comercialização e consumo de carne.

Fernanda Pereira Santoro Grande, 28 anos, empresária, é vegetariana há sete anos e conta como se sentiu após conhecer os processos de comércio e abandono que sofrem os animais. "Depois de ver e raciocinar sobre o caminho que a comida fazia até chegar ao meu prato, eu decidi que não queria mais fazer parte da indústria", desabafa.

A empresária se considera uma ovolactovegetariana, que ainda inclui derivados de origem animal, como leite e ovo. Esta escolha se deu devido à rotina corrida que leva, fazendo com que eliminasse somente a carne das suas refeições. Fernanda relata como a dieta não prejudicou a sua saúde: “eu não como carne de nenhum tipo e sempre que fiz exames meus resultados estavam normais, pois sempre como muita verdura, arroz e feijão”.

Mariana Kindl Wolff, 24 anos, estudante e vegetariana há três anos, é apaixonada pelos animais e, por isso, sua adaptação à nova dieta foi fácil. "Além do amor pelos bichinhos, eu nunca fui muito fã de carne e nunca me senti bem comendo. Então, eu conheci pessoas que eram vegetarianas, comecei a frequentar restaurantes vegetarianos e me senti muito bem com essa escolha. Porquinhos são muito fofos pra virarem bacon", brinca Mariana.

A estudante ainda lembra que a maioria dos restaurantes já tem opções vegetarianas, assim não precisa deixar de frequentar nenhum lugar por falta de escolha. Ela conta que come alimentos como salada, verduras, legumes, macarrão, pizza, pastel, sanduíche, arroz e feijão.

Tanto Mariana quanto Fernanda são vegetarianas e esse tipo de dieta, segundo a nutricionista Marilize Tamanini, 38 anos, tem um grande número de nutrientes com o aumento do consumo de vegetais e frutas, gera melhor digestão e a redução dos níveis de colesterol. Porém, ela alerta que existe certa desvantagem: “a pessoa pode exagerar nos carboidratos, com o corte da carne e acabar engordando ou tendo elevação da glicemia”.

Há, porém, pessoas que decidiram por eliminar todo e qualquer alimento que seja derivado de animais, sendo chamados de veganos. Tal dieta exige um pouco mais de disciplina, pois, segundo Marilize, restringe não apenas ovos, leite e derivados, mas também o mel, bem como o uso de qualquer produto que relacionado ao animal - como um sapato de couro ou produto cosmético testado em animais. A nutricionista acrescenta ainda: “existe a vantagem de um maior acompanhamento nas etapas de produção do plantio até o processo final do alimento e a desvantagem de um menor consumo de proteínas e vitamina B 12”. Portanto, ela recomenda dosagens e ajustes feitos na dieta.

Bruna Squisatti, 24 anos, que está em transição de vegetariana para vegana, conta como a partir de muita pesquisa sobre o impacto ambiental negativo que causa o consumo de carne e derivados de origem animal, decidiu mudar sua alimentação. Sobre sua adaptação, ela comenta: “cortar as carnes e mais tarde os ovos foi tranquilo pra mim, o pior foi tirar o queijo".

A escolha de alimentos para as refeições mais importantes do dia precisa ser pensada a fim de que não faltem nutrientes. "Consumo muitas sementes e oleaginosas, legumes de folhas escuras com limão para a absorção de ferro e cálcio. Como alguns carboidratos como arroz, macarrão ou batata, legumes e verduras, lentilha, grão e bico e proteína de soja", diz Bruna.

Confira abaixo alguns alimentos utilizados nas dietas vegetariana e vegana.

Imagens: Freepik. (Crédito: Ivana Adrogué)

Novas opções veganas e vegetarianas em Curitiba

O ramo alimentício na cidade tem deixado um grande espaço para a cozinha vegetariana e vegana nos últimos anos, já que o número de pessoas adeptas à causa tem aumentado numa boa proporção. As opções* vão desde simples cafés que servem opções salgadas e doces, bem como lanchonetes e restaurantes, oferecendo almoço, lanches à parte e ainda opções delivery, facilitando o dia a dia de quem não cozinha ou não tem tempo para organizar a dieta.

Almoço a base de legumes do LabCaffè. (Crédito: Jéssica Albanske/Arquivo pessoal)

Lanche vegano a base de glúten e tofu da VegVeg. (Crédito: Ivana Adrogué)

Café com bolo do LabCaffè. (Crédito: Jéssica Albanske/Arquivo pessoal)

Caroline Melo Ferreira, 29 anos, é proprietária do empório e lanchonete VegVeg, localizada no centro de Curitiba. Ela conta que abrir o negócio foi um processo muito bem estudado e demorado, porém de imensa gratificação. Caroline sempre foi vegetariana e decidiu abrir seu próprio negócio, adaptando-se à dieta vegana também.

A empresária teve um grande apoio da empresa Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), o que fez que mudasse de endereço, ampliando a clientela e os serviços oferecidos. O empório inclui produtos vegetarianos industrializados ou feitos pela empresa VegVeg, congelados ou orgânicos. Já a lanchonete dispõe de lanches, cafés e sobremesas, todos dentro da dieta vegana, e não somente vegetariana como o empório.

Produtos vegetarianos do Empório da VegVeg. (Crédito: Ivana Adrogué)

Hoje a empresa tem três anos e meio, e Caroline faz questão de contar como seu ideal de libertação animal abrange também as pessoas, com atendimento personalizado, local acolhedor e um espaço de opiniões para os que frequentam. "A ideia sempre foi fazer algo diferente, já que não posso mudar o mundo sozinha, quis mudar o meu próprio mundo", comenta ela.

Caroline Melo Ferreira é dona do empório e lanchonete VegVeg. (Crédito: Ivana Adrogué)

Cartaz simbolizando ideal da empresa VegVeg. (Crédito: Ivana Adrogué)

Jéssica Albanske, advogada, 27 anos, possuía o bistrô vegetariano LabCaffè, que era um espaço dentro de uma casa, e ficou aberto por cerca de quatro meses. “O café fornecia almoços diários, com pratos do dia e demais lanches, todos vegetarianos, com influência na culinária regional brasileira, o que rendia muitos elogios dos nossos clientes”, conta Jéssica.

Entretanto, ela sentiu dificuldade de manter um estabelecimento nesse ramo: “A logística de um restaurante deve ser cuidadosamente planejada, deve despertar a curiosidade de pessoas não vegetarianas em experimentar nossa comida também”.

Além da comida, a casa promovia eventos com música ao vivo e jogos, bem como feijoada vegetariana aos sábados, dentro de um ambiente acolhedor. “Nós sentíamos muita resistência dos clientes não acostumados, mas ao experimentar, sempre elogiavam e se surpreendiam com a culinária vegetariana”, finaliza Jéssica.

Entrada do LabCaffè. (Crédito: Jéssica Albanske/ Arquivo pessoal)

Interior do LabCaffè. (Crédito: Jéssica Albanske/Arquivo pessoal)

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