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  • Por Letícia Carstenzen

Amamentação em público: direito garantido por lei

Amamentar em público deveria ser algo comum, mas esse gesto materno vem causando muita polêmica

Para garantir a amamentação em público leis já estão sendo criadas. (Crédito: Pixabay)

O ato de amamentar em público pode causar bastante polêmica. Muitas mães já relataram que ficaram constrangidas e até mesmo ofendidas por terceiros enquanto amamentavam. Isso pode ser confirmado em uma pesquisa realizada pela Lansinoh, em 2015, da qual participaram 13.300 mulheres de dez países diferentes.

Cerca de 32% das entrevistadas disseram se sentir constrangidas quando amamentavam em público. Dentre os países que participaram da pesquisa, em primeiro lugar ficou a China, com 45,9%, seguida da França, que totalizou 44,6%. O Brasil apareceu na pesquisa com 1,7%. Mas, apesar do índice nacional ser baixo comparado com outros países, 47% das brasileiras disseram já terem sido criticadas por estar amamentando em público.

Recentemente essa discussão ganhou novamente espaço quando um hospital de São Paulo proibiu uma mãe de amamentar sua filha recém-nascida na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), alegando ser aquele um horário de visita masculina, o que poderia causar desconforto para os demais visitantes. Indignada com a situação, a mãe da criança fez um post em uma rede social, relatando o constrangimento. A partir de então, muitas mulheres também se pronunciaram, afirmando também já terem passado por situações parecidas.

O desabafo na rede social chamou atenção de outras mães, que também passaram pela mesma situação. (Crédito: Divulgação/Facebook)

Elizabeth Froelich é mãe do Noah, de sete meses, e, assim como outras mães, já precisou amamentar seu filho em um espaço público, como supermercado ou shopping. Ela afirma nunca ter passado por uma situação muito constrangedora, mas diz que é comum a reação negativa de algumas pessoas.

“Claro que eu já precisei amamentar ele durante um passeio ou no supermercado, por exemplo, mas eu nunca presenciei ou participei de uma situação constrangedora, mas vejo os olhares de reprovação de algumas pessoas. Contudo, não deixo de amamentar meu filho por eles”, declara Elizabeth.

O assunto amamentação ganhou tanto destaque e discussão que a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) criou um projeto de lei, 514/2015, que garante a amamentação em público e também a punição por meio de multa por qualquer ato de proibição da lactante.

O projeto também cita as mães estudantes, garantindo a permanência de crianças pequenas nas instituições de ensino em que suas mães estudam. Essa decisão foi aprovada devido ao grande número de mulheres que deixam de estudar por não terem com quem deixar a crianças, principalmente quando ainda amamentam com o leite materno.

Alguns dos direitos estabelecidos pelo projeto 514, aprovado pelo senado (Créditos/ Arte: Letícia Carstenzen)

Amamentação não tem hora e lugar

O que muitas pessoas ainda não entenderam é que o leite materno é o principal alimento para crianças, principalmente para recém-nascidos, e é um gesto de vínculo entre mãe e bebê. Porém, especialistas dizem que as pessoas já estão mais conscientes quando a questão é amamentação, mas muitas coisas ainda precisam ser discutidas.

Para a jornalista e consultora de amamentação Giovanna Balogh, as mães já estão mais informadas sobre seus direitos na hora de amamentar, mas a sociedade em geral também precisa saber disso. “As mães estão cada vez mais informadas sobre a importância da amamentação em livre demanda e isso, é claro, estimula a amamentação em qualquer lugar. As pessoas precisam pensar que o leite materno é alimento e aconchego, e que isso não tem hora nem lugar para acontecer.”

Além de tudo, é importante lembrar sobre os benefícios que a amamentação materna traz para a saúde dos bebês.

“A amamentação tem inúmeros benefícios tanto para a mãe como para o bebê. Nenhum leite jamais poderá substituir o leite materno que é uma verdadeira vacina natural para o bebê. Diversos estudos mostram que o bebê que mama no peito adoece menos, por exemplo", aponta a consultora.

Giovanna é criadora da página do Facebook “Mães de peito”, que também serve como um portal de notícias para pais e futuros pais. Lá ela dá várias dicas para as mamães, inclusive relacionadas à amamentação.

Página traz informações sobre amamentação. (Crédito: Divulgação/Facebook)

Além da página administrada pela consultora Giovanna, outros grupos de amamentação são encontrados nas redes sociais, os chamados Grupos Virtuais de Amamentação (GVAs). A maioria desses grupos tem como objetivo compartilhar situações, tirar dúvidas, contar histórias, dicas de como amamentar (para mães de primeira viagem), entre outras situações vividas por mamãe e bebê.

A preocupação não acontece só no Brasil

No México estudantes da University of North Texas criaram a campanha "When Nurture Calls" (quando a nutrição chama, em português), com o objetivo de aprovar a lei que está no Congresso do país. Caso o projeto seja aprovado, as mães terão seus direito garantidos na hora de amamentar seus filhos em público, assim como no Brasil.

A campanha traz, através de fotos, imagens de mãe amamentando seus bebês em banheiros sujos e pequenos. As imagens são usadas como relatos de mães que alegam, muitas vezes, terem que amamentar seus filhos em lugares isolados e impróprios. A campanha usa como texto a frase “você comeria aqui?”.

Fotos da campanha mexicana para chamar a atenção para amamentação em público. (Créditos: Divulgação/When Nurture Calls)

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