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  • Por Barbara Carvalho e Jeniffer Oliveira

Aplicativos transformam a forma de se relacionar

No Brasil, mais de 10 milhões de pessoas afirmam usar app’s de paquera

Conhecer novas pessoas está ao alcance das mãos. (Crédito: Liliane Jochelavicius)

O avanço da tecnologia vem transformando os hábitos da sociedade. Essa era da comunicação digital mudou a maneira como as pessoas se comunicam e também vem alterando conceitos como os de espaço, distância e tempo. O contato deixou de ser feito somente face a face, passando a ter outra dimensão dentro do ambiente virtual. Com isso, o uso de aplicativos de relacionamento começou a se fazer cada vez mais presente na vida das pessoas.

Um exemplo dessas novas ferramentas de comunicação e encontros é o Tinder, criado em setembro de 2012 por um grupo de estudantes da Universidade do Sul da Califórnia. Ele promove apresentações entre pessoas que possuam perfil na plataforma, obtendo bilhões de downloads em todo o mundo. Segundo a companhia, em dados revelados no ano de 2014, somente no Brasil o número de usuários passa os 10 milhões.

Pesquisa mostra alcance geral do aplicativo. (Fonte: Global Web Index/ Crédito: Barbara Carvalho, Jeniffer Oliveira)

Pode-se afirmar que um dos pilares para o surgimento destes aplicativos é o capital social, onde o indíviduo sempre busca atingir seu objetivo. Segundo a psicóloga Carla Chemure Cechelero Slongo, somos seres sociais, nascemos para viver em sociedade e isto implica em nos relacionarmos, faz parte da constituição humana. Esse fato ajuda a justificar e entender o surgimento da prática do uso destes sites de relacionamento.

Apesar do aumento gradativo pela procura dos app’s de encontros, este tipo de relacionamento é questionado por muitas pessoas devido ao fato de serem apenas virtuais. Carla explica que: “O toque para o ser humano é vital; existem estudos que apontam a importância deste na vida das pessoas, tornando-as mais afetuosas, mais sensíveis e mais seguras.” Portanto, o contato físico não deverá ser substituído por outro método.

Outro ponto que também é colocado em debate é o comportamento que o indivíduo pode desenvolver nestas plataformas. Estar atrás da tela permite que o usuário molde uma nova identidade, tornando questionável se a pessoa é mais autêntica dentro ou fora do mundo virtual. Para a psicóloga, o uso dessas plataformas “talvez faça que ele perca o freio social”, porém é preciso lembrar que existem leis que responsabilizam o usurário pelo que escreve e disponibiliza na rede, evidenciando que a sensação de liberdade na internet pode ser falsa.

Ambiente influencia na forma de agir

Nossa maneira de se expressar tem muito haver com o ambiente que estamos, pois, de acordo com a psicóloga Carla Slongo, ele tem grande influência no comportamento humano. Nos aplicativos pode-se controlar os impulsos naturais, ser mais ou menos expressivos, por isso, a espontaneidade fica comprometida.

Segundo pesquisa da doutora em Antropologia Manuela do Corral Vieira, “ao dar vazão a certos comportamentos no ambiente virtual é possível perceber como os sujeitos possuem diversas facetas expressas por meio de distintas performances.” Isso demonstra que o usuário se sente mais livre no ambiente virtual para agir da maneira que achar mais conveniente.

Nas relações onde o contato é feito pessoalmente, o indivíduo tende a sentir um receio maior com a desaprovação vinda de determinadas pessoas, pois ele terá que encarar isso face a face. No ambiente virtual, onde o sujeito pode se esconder atrás da tela, lidar com essa desaprovação é mais fácil, afinal, o máximo que pode acontecer é perder uma conexão virtual.

Maria Rocha Pereira, usuária do Badoo, admite que, ao usar aplicativos, não se comporta da mesma maneira que no mundo real. “É natural do ser humano criar várias personas, uma para cada ambiente que ele frequenta. A Maria na faculdade é uma, no trabalho outra, na família já muda de novo, com os amigos, então, nem se fale! Tudo mundo é assim, mas poucos são capazes de assumir", diz.

Do mundo virtual para o real

As pessoas nem sempre começam a usar aplicativos de relacionamentos buscando um namoro. Algumas vezes, a motivação é simplesmente encontrar alguém para conversar. Apesar disso, a maioria que instala um aplicativo acaba se envolvendo com alguém. Há quem tenha uma boa história para contar sobre essa situação, mas também há aqueles que não colheram bons frutos.

A usuária do aplicativo Lovoo, Patrícia Costa da Silva, começou a utilizá-lo sem pensar em um relacionamento amoroso, só estava levando em consideração a comunicação que conseguiria obter por meio dele. Ela conta que no começo teve interesse em algumas garotas, mas que isso se transformou em elos de amizade.

Quando Patrícia conheceu Bruna Teixeira Alves, outra usuária do Lovoo, acreditava fielmente que o envolvimento se resumiria em mais uma amizade. No decorrer dos dias, as expectativas de ambas foram mudando, elas se apaixonaram e estão juntas há mais de um ano.

Maria Rocha Pereira, usuária do Badoo, não queria arrumar um namorado, só queria conhecer pessoas, conversar e se distrair. Apesar disso, conta que teve vários perfis com os quais começou a conversar com um interesse a mais. Por se decepcionar com os primeiros contatos que teve, Maria disse que perdeu a coragem de conhecer pessoas pessoalmente e fez isso poucas vezes. Ela conta que, na maioria das vezes, durante o período de interesse se limitava a trocar endereços de redes sociais. “Teve várias paixões instantâneas, que se dissolveram tão rápido e fácil quanto se iniciaram", comenta a entrevistada.

Entre tantos envolvimentos superficiais, Maria relata que acabou se apaixonando por um rapaz que, mesmo virtualmente, conseguia ser mais presente do que pessoas que estavam ao seu lado no mundo real. Quando eles se conheceram pessoalmente começaram a namorar, mas, ao fazer parte de sua vida de verdade, o rapaz deixou de ser tão presente, mudou muito a maneira como a tratava e o namoro não passou de quatro meses.

Para todos os estilos

Os sites de relacionamento proporcionaram uma grande mudança na maneira de conhecer novas pessoas. Aplicativos como Tinder e Happnn revolucionaram o mercado e também deram aquela “ajudinha” para quem não conseguia encontrar um amor ou para aqueles que queriam fazerem novas amizades.

Pensando na diversidade do público que procura relacionamentos online, vários aplicativos surgiram para atender aqueles que não estavam satisfeitos com os mais utilizados. As opções são as mais diversificadas e contemplam todos os gostos. Cada uma dessas ferramentas vem com um objetivo específico, mas se mantém fiel a ideia de unir e conectar pessoas virtualmente, e talvez, também pessoalmente.

O Kickoff é um aplicativo voltado para quem busca nas redes um relacionamento sério. A plataforma é parecida com o Tinder, mas o usuário só pode entrar em contato com amigos de seus amigos, o que aumentaria a confiança para quem utiliza. Para aqueles que querem se aventurar preservando sua privacidade existe o Pure. É um aplicativo anônimo que exclui as fotos e informações após uma hora de conversa e também permite solicitar fotos sem a necessidade de iniciar uma conversa.

Entre os mais curiosos está o DogsApp, uma plataforma que permite o encontro de pessoas que amam cachorros e até mesmo dá a possibilidade de encontrar um par para seus bichinhos. O Sapio é um aplicativo destinado para quem se denomina sapiosexual (aquele se interessa pelos atributos intelectuais, não pelos físicos). Voltado para a mesma ideia de ser usado para um seleto público, existe o Luxy, uma plataforma criada somente para milionários. Entre as características pessoais disponibilizados pelos usuários estão dados como faixa salarial e marcas favoritas.

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