Rejeitados pelos familiares e sem apoio no lar, jovens acabam fugindo de casa ou se isolando dos parentes
A estudante de Educação Fisica, Leticia Camargo. (Crédito: Gabriela Sadovik Muniz)
A luta constante pelo reconhecimento e pela ampliação de direitos tem gerado frutos para a comunidade LGBT no país. A criminalização da discriminação por orientação sexual e identidade de gênero, o direito à união homoafetiva e o aumento de políticas públicas são alguns dos pontos de destaque. Contudo, se os avanços sociais e legais existem, dentro de casa, nem sempre a liberdade e os direitos são reconhecidos justamente por aqueles que seriam os primeiros a dar o suporte: os familiares.
A estudante de educação física, Letícia Camargo, de 18 anos, conta que sempre se sentiu atraída por pessoas de ambos os sexos. Quando adolescente, começou um relacionamento com uma garota, mas poucas pessoas sabiam do seu namoro. O principal motivo para ela não contar sobre a relação, era o medo do preconceito que enfrentaria por parte da família e amigos.
Como Letícia já imaginava, ao revelar sua orientação sexual para o pai, sentiu o peso do preconceito. A não aceitação da família forçou a jovem a sair de casa. Mas apesar das dificuldades, ela acredita que todos devem lutar pelo seu amor e jamais desistir um do outro.
“Se você realmente ama a pessoa, deve lutar e dar tudo de si para ser feliz com ela, porque é a tua felicidade que importa. A relação pode acabar daqui dois dias ou três meses, porém o que você lutou pela pessoa, você nunca vai esquecer. Você amou a pessoa naquele momento e se acabar pelo menos você vai saber que naquele momento foi verdadeiro”, completa ela.
O fato da família não aceitar a orientação sexual do indivíduo, causa inúmeros transtornos tanto psicológicos como físicos. Uma das consequências são os traumas dessa discriminação familiar, que se não for tratada a tempo pode levar o indivíduo ao suicídio.
Este quase foi o trágico fim de Lucas Muniz, jovem estudante de sistema de energias renováveis. Ele conta que desde pequeno, quando começou a perceber que era diferente dos outros, sentia a pressão e preconceito por parte da família. Muniz, que não se reconhecia no corpo masculino, era reprimido para que fosse apenas mais uma criança “normal”.
A repressão sentimental foi tamanha que trouxe consequências ao estudante, como a dificuldade para se abrir com as pessoas. Foi só no ensino médio que o jovem - mesmo com o medo – resolveu se assumir para a mãe. A primeira reação foi de não aceitação. Aos poucos, o relacionamento entre mãe e filho foi retomado. “Hoje em dia eu não tenho vergonha de ser quem eu sou, e eu tenho orgulho de ser LGBT”, completa ele.
Lucas Muniz, estudante de Sistema de Energias Renováveis. (Crédito: Gabriela Sadovik Muniz)