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  • Mauricio Geronasso

Aumento da inflação revela problemas na economia e no bolso dos mais pobres

Desemprego, altas taxas de juro e instabilidade política afetam desempenho do país e tornam mais difícil a vida dos brasileiros



A alta do preço nos últimos meses e a inflação tem afetado de maneira diferente as classes sociais; quanto menos a família ganha, mais ela concentra os gastos em itens essenciais como a alimentação por exemplo, o que acaba tendo um impacto muito forte nos rendimentos de quem ganha menos.


O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) reportou que a inflação oficial no Brasil acumulada entre fevereiro de 2021 a fevereiro deste ano ficou bem acima do previsto. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apontou uma inflação de 10,06% neste período.


O impacto de aumentos afeta a economia e vida dos brasileiros, que influencia negativamente no crescimento do país, conforme explica a doutora em Economia e Políticas Públicas e professora, Pollyannna Gondin: “Medimos o crescimento do país pelo PIB (Produto Interno Bruto), então, por um lado eu tenho a redução do poder de compra da população que consequentemente compra menos, afetando a produção das empresas, visto que o que é produzido acaba não sendo vendido, e essa produção acaba sendo estocada. Sem vender, as empresas passam a contratar menos insumos para produção e menos trabalhadores para as linhas de produção e assim vemos um aumento no desemprego”.


Esse ciclo negativo está ligado à condição e qualidade de vida da população, pois quanto mais gente desempregada, maior o índice de extrema pobreza do país. Somado à desvalorização do real perante o dólar, aumento dos riscos a investidores, aumento da taxa de juros e cenário político instável, a tendência é um futuro nebuloso.



A FGV (Fundação Getúlio Vargas) apura que a pandemia acentuou ainda mais os impactos na população mais pobre, com o aumento do desemprego e de preços, causado pela inflação. As consequências desses fatores culminam principalmente na insegurança alimentar da população. A Rede Brasileira de Pesquisas em Soberania Alimentar e Nutricional, aponta que ao menos metade da população brasileira conviva com algum grau de Insegurança Alimentar e que ao menos 19 milhões de brasileiros estão em condições de fome extrema no país.

Os dados foram disponibilizados aqui.


Dentre as alternativas, estão programas para facilitar o acesso à crédito para a população mais carente. O problema é que essa medida também aumenta o endividamento das pessoas em vulnerabilidade.


“O governo lança um programa de crédito, mas ao mesmo tempo ele não mexe de forma efetiva em auxílios que deveriam ser tratados como prioritários e em soluções para o desemprego. Enfim, acredito que o governo deveria fornecer primeiro uma melhora aos auxílios para a população. Por exemplo, crédito a juro zero. Sim, o governo teria condições de fazer isso sem prejudicar a sua política fiscal. Então eu vejo como uma falta de prioridade o que o governo tem feito”, explica Gondin.


Josué Ribeiro, 48 anos, atualmente desempregado, reflete a situação em que se encontra o país. Vendendo balas no trânsito para conseguir sobreviver, relata que com o pouco que arrecada, não é o suficiente para conseguir pagar as contas e comprar alimentos, “essa foi a forma que encontrei de ao menos poder levar um pouco de comida aos meus filhos e esposa. Cada vez que vou comprar comida é um preço diferente, assim como as contas que a cada dia que passa aumentam e se acumulam sem que eu consiga pagar”, contou.


A elevação da taxa Selic força a subida de outras taxas de crédito. Esses constantes aumentos desestimulam o crédito à população e empresas. Com menos dinheiro circulando, a economia do país tende a estagnar ou retroceder. Este talvez seja o maior teste para a moeda brasileira, implantada nos anos 1990.


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Imagens: Mauricio Neves Geronasso

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