Casos de HIV no Brasil e o desafio das gestantes infectadas
- Dandara Gomes
- 20 de mar.
- 3 min de leitura
Por: Fábio Machado
O aumento de gestantes infectadas pelo HIV no Brasil, destaca a urgência de estratégias eficazes de prevenção e tratamento para combater a epidemia de Aids.

Em 2023, o Brasil enfrentou um desafio significativo no combate à epidemia de HIV/Aids, que atualmente afeta mais de 900 mil pessoas no país, conforme dados do Ministério da Saúde (MS). Embora tenha havido uma redução de 25% na detecção de casos de HIV em 2020, em comparação ao ano anterior, quando foram registrados 43.312 casos, o número de gestantes infectadas pelo vírus aumentou em 30,3% entre 2010 e 2020, passando 2,1 para 2,7 de casos a cada mil nascidos vivos. A transmissão vertical do HIV, que ocorre da mãe para o filho durante a gestação, o parto ou a amamentação, é uma das principais formas de infecção pelo vírus entre crianças e adolescentes.
De acordo com o Boletim Epidemiológico Especial HIV/Aids 2021, divulgado pelo Ministério da Saúde(MS) em setembro de 2023, foram notificados 13.813 casos de Aids em menores de 15 anos entre 1980 e junho de 2021. Com 90% desses casos resultantes de transmissão vertical. Para prevenir essa forma de contágio, é essencial que as gestantes realizem o pré-natal adequado e também o teste rápido de HIV, que está disponível gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS).
O infectologista e professor da Universidade Federal de São Paulo, Dr.Ricardo Diaz, destaca que a redução dos casos e das mortes por Aids deve-se, principalmente, ao avanço do tratamento antirretroviral. “O tratamento é altamente eficaz para controlar a replicação do vírus e prevenir o desenvolvimento da Aids. Além disso, ele reduz a transmissão do HIV, pois diminui a carga viral no sangue e nos fluidos corporais. Por isso, é fundamental que as pessoas que vivem com HIV, realizem o teste diagnostico e iniciem o tratamento o quanto antes”, informa Diaz.
Segundo Fabiana Oliveira, do Movimento Nacional das Cidadãs Positivas (MNCP) — uma organização que defende os direitos das mulheres que vivem com HIV/Aids — ela descobriu sua sorologia positiva em 2003, quando já estava casada e tinha dois filhos. Enfrentou muito preconceito e discriminação na família, no trabalho e na sociedade, mas que conseguiu superar as dificuldades com o apoio de grupos de autoajuda e da rede de atenção à saúde.
“Eu me sinto bem hoje em dia, faço meu tratamento regularmente e tenho uma boa qualidade de vida. Mas sei que muitas pessoas ainda sofrem com o estigma e a exclusão por causa do HIV. Por isso, eu participo do MNCP para ajudar outras mulheres que passam pela mesma situação que eu passei”, conta Oliveira.
Para o doutor Alexandre Barbosa, infectologista e chefe do Departamento de Doenças Infecciosas da Universidade Estadual Paulista (Unesp), o Brasil tem uma política pública reconhecida internacionalmente pela sua abrangência e qualidade no combate ao HIV/AIDS.
“Nosso país tem uma cobertura de tratamento antirretroviral de cerca de 80% das pessoas diagnosticadas com HIV, o que é um índice muito bom comparado a outros países. No entanto, ainda temos cerca de 20% das pessoas que não sabem que têm o vírus ou que não estão em tratamento. Isso representa um risco para elas mesmas e para a transmissão do HIV na população”, ressalta Barbosa.
Há esperança?
A busca pela cura do HIV é um dos maiores desafios da ciência atual. Apesar dos avanços nos tratamentos antirretrovirais, que permitem controlar a infecção e reduzir o risco de transmissão, ainda não existe uma forma de eliminar o vírus do organismo. Por isso, pesquisadores trabalham em diferentes frentes para encontrar soluções mais eficazes e definitivas.
Uma delas é a pesquisa com células-tronco: em alguns casos, elas podem ser usadas para substituir as células infectadas pelo HIV ou para modificar o sistema imunológico do paciente, tornando-o resistente ao vírus. Um exemplo é o caso do “paciente de Londres”, que se tornou a segunda pessoa no mundo a se livrar do HIV após receber um transplante de medula óssea com células-tronco de um doador com uma mutação genética rara que impede a entrada do vírus nas células.
Além das medidas de prevenção, a conscientização e a educação sobre o HIV/Aids são essenciais para reduzir o estigma associado à doença. Campanhas de informação e sensibilização desempenham um papel fundamental na desmistificação do HIV, promovendo a testagem e encorajando as pessoas a buscarem tratamento. A educação sobre sexualidade e saúde reprodutiva nas escolas e comunidades é crucial para criar uma cultura de prevenção e cuidado, contribuindo para a diminuição da transmissão do vírus e melhorando a qualidade de vida das pessoas afetadas.
Há desafios, mas sobretudo, esperança para encontrar a cura dessa doença.

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