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  • Por Emilia Cussama e Thays Polhmann

Goalball: uma modalidade exclusiva para deficientes visuais

A importância deste esporte e como ele é praticado pelos atletas

Para defender o ataque adversário os jogadores tem que ficar deitados. (Crédito: Thays Polhmann)


A prática de esportes é importante para se ter uma melhor qualidade de vida e nada melhor do que fazer algo que goste. E para quem deficiência visual não é diferente. Um dos esportes praticados por eles é o Goalball, ainda pouco conhecido. Segundo informação da Confederação Brasileira de Desportos de Deficientes Visuais (CBDV), ele foi inventado em 1946, pelo austríaco Hanz Lorenzen e pelo alemão Sett Reindle, e é um jogo que foi criado especialmente para quem tem problema de visão. O objetivo principal é arremessar a bola com as mãos no gol adversário.

Cada equipe pode ter até três jogadores titulares e três reservas, sendo que todos eles são vendados durante o jogo, para que não haja desvantagem quanto a quem tem resíduo visual, enxergam vultos e sombras, e aqueles que não enxergam absolutamente nada. Todos têm duas funções, que são as de ataque e defesa. A partida é dividida em dois tempos de 12 minutos cada. É permitido o pedido de até quatro tempos técnicos por equipe, sendo que pelo menos um tenha que ser no primeiro tempo (se o técnico assim desejar), e possui duração de 45 segundos cada.


Regras da modalidade

A bola desse esporte, assim como a do Futebol de 5 (futebol para deficientes visuais), possui guizos que direcionam para onde ela está indo. Tem o formato parecido com uma bola de basquete, porém seu peso é maior. O peso é de 1,250 kg e não possui câmera de ar (enchimento), o que faz com que tenha maior contato com o solo.


As dimensões oficiais da quadra são de 18 m de comprimento e 9 m de largura em formato regular. As delimitações dela são marcadas com barbantes no solo, para permitir a orientação tátil dos jogadores. As metas e os gols ficam nas linhas de fundo da quadra e medem 9 m de largura por 1,30 m de altura.

A quadra é dividida em três partes iguais, sendo elas: Área de defesa, área de ataque e área neutra. A área de defesa denomina as ações defensivas e é o principal ponto de referência para a orientação espacial dos jogadores. Já a de ataque ou lançamento, como o mesmo nome já indica, delimita a ação ofensiva das equipes. E a neutra é o espaço que separa as áreas destinadas às atuações dos jogadores.

Quando um jogador faz um pênalti, ele fica no gol adversário e arremessa a bola. Nessa modalidade, o tato e audição são elementos importantes, pois o tato auxilia na localização da linhas em alto relevo e a audição guia o atleta na direção que a bola está indo. Por isso, é necessário muita concentração e silêncio na quadra. Para o jogador Everson Silva, jogar essa modalidade é algo importante e satisfatório, ainda diz que gosta muito desse esporte e que a prática mudou a vida dele.


Diferenciais do Goalball: para quem pratica e para quem assiste


Fábio Lopes conta que treina equipes de Goalball há mais ou menos um ano e meio e, ao conhecer essa modalidade tão diferente e praticada só por deficientes visuais, sentiu-se motivado a se aprofundar mais no esporte. Para ele, “é diferente, é um exemplo de vitória”. A torcedora Fabrícia de Melo, que acompanha os jogos diz que é como assistir a qualquer outro esporte. Além de torcer, Fabrícia auxilia o treinador durante os jogos. "A satisfação de ajudar nessa modalidade é que estou aprendendo muito com eles", relata Fabrícia. Ela conclui dizendo que o esporte é magnífico, diferente e emocionante.

No Goalball, o atleta tem até 10 segundos para jogar a bola e se nesse tempo não for lançada, a equipe é penalizada. Sendo um pênalti a favor ao time adversário, defendido pelo jogador que cometeu a falta. Durante a partida, o jogador não pode tocar nas vendas. Se isso acontecer, é marcado um pênalti para a equipe adversária, e é defendido pelo jogador que cometeu a penalidade.


Para poder mexer nas vendas, é preciso pedir a equipe de arbitragem, usando as palavras: high shades (tons de alta). Após isso, o árbitro vai até o jogador e a verifica, sendo que o jogador fica de costas para a quadra e de frente para o árbitro. Caso um dos jogadores faça a defesa para além da linha dos 3 metros, essa equipe é penalizada. É marcado um pênalti favorecendo o time adversário.

A partida pode ser interrompida se um jogador quiser mexer na venda, caso a reposição de bola demorar a acontecer, se for preciso arrumar as linhas da quadra ou se houver muito barulho no recinto. A torcida só pode se manifestar quando acontece gol ou quando os treinadores pedirem tempo. Após estas situações, o público deve permanecer em silêncio.


Saiba um pouco mais sobre esse esporte


O Goalball oi criado para os veteranos da Segunda Guerra Mundial que haviam perdido a visão e 30 anos depois o esporte foi apresentado nos jogos de Toronto. A partir desse momento, passaram a ser organizados campeonatos mundiais. Em 1980, a modalidade estreou nas Paraolimpíadas de Arnhém, na Holanda. Porém, as mulheres só entraram para a disputa em 1984.

No Brasil, o Goalball começou a ser praticado em 1985 e, dez anos depois, a seleção nacional conquistou a medalha de prata nos Jogos Parapan-Americanos de Buenos Aires. A estreia nos Jogos Paraolímpicos foi em Pequim no ano de 2008. Apenas quatro anos depois, em 2012 na cidade de Londres, a equipe masculina ficou com a inédita medalha de prata.

Para praticar essa modalidade são definidas três categorias de quem não possui a visão. São elas: a B1, que é para cegos totais ou com percepção da luz, mas sem reconhecer o formato a qualquer distância. a B2, que é para atletas com percepção de vultos; e a B3, para atletas que conseguem definir imagens. Diferente de outros esportes também praticados por deficientes visuais, o Goalball foi desenvolvido especialmente para pessoas com essa deficiência. Há outros esportes que são praticados por eles, mas que foram adaptados e Goalball foi criado pensando neles e não modificado de alguma forma.


Confira o vídeo com as entrevistas na íntegra:

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